quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O dia em que a cidade encolheu

Um dia uma amiga me pediu que criasse uma história para crianças. Ela vinha tentando fazê-lo, mas não conseguia, enfim, prcisava de uma idéia. Então criei a historinha abaixo, baseada num passeio à orla de Macapá. Era um fim de tarde e estávamos na rampa de concreto que dá acesso à praia. O Rio estava começando a encher...via-se as ondas ao longe, chegando na praia. Meu sobrinho Thiago, na época com seis anos, e mais um coleguinha mais velho, resolveram correr na grande praia indo em direção as ondas. Correram muito e sem olhar para trás. A mãe de Thiago já havia se arrependido de ter autorizado a aventura e estava preocupada...e se o rio encher e eles não voltarem a tempo, pensava ela. De repente o garoto se deu conta de quanto estava longe e voltou em disparada, fugindo do rio...nunca correu tão rápido! E chorava sem parar. Sempre lembro desse episódio e assim veio a idéia. É claro que minha amiga, que cursava letras, opinou e sugeriu algumas mudanças, como criar o amiguinho Olavo. Na minha história, Branquinha era uma cachorrinha abandonada, que vivia na orla, com um grupo de vira-latas. Aí vai a historinha.







Branquinha era uma cachorrinha, dessas pequeninas e fofinhas,
como as que aparecem em comercial de tv.

O que ela mais gostava de fazer, era contemplar o Rio Amazonas,
sentindo o vento forte nos pelos, até pegar no sono, embaixo de uma árvore qualquer.

Um dia, a grande praia lhe chamou a atenção
e teve ,então, a curiosidade de ir mais além,
ultrapassando os limites que seus pais sempre determinavam

Saiu caminhando e lembrou que Olavo, seu amiguinho, uma vez havia dito
que era perigoso caminhar sozinho na praia,
mas a vontade era tão grande...

Não resistiu, correu saltitante, sem ter tempo de olhar para trás

- Como é bom sentir o friozinho do barro nas patas, nem mole que nos faça afundar e nem duro que nos machuque ao pisar!

- O ventinho frio, como é bom!

De repente se deu conta, e olhou o quanto havia caminhado. Viu a cidade pequenininha.

- Ué, pensou ela. Como pode, em poucos instantes as coisas diminuírem de tamanho?!

Com a cabeça inclinada e o olhar atento
Caminhou lentamente para a cidazinha,
mas ela pouco se modificava.
Só nesse momento percebeu o quanto estava longe.

Apesar do susto, foi capáz de recordar
das histórias de heróis e mocinhos que,
que sua mãe sempre contava antes dela dormir.

Encheu-se de coragem e gritou: taratatá....tata...lá vou eu!
E fingindo-se de super heroína saiu a correr em disparada,
como nunca antes havia feito.

É verdade que ela estava fria de medo,
mas a lembrança das palavras doces da mãe
a faziam acreditar que aquilo era apenas uma brinacadeira,
e como um pesadelo, a qualquer hora iria acabar.

À medida que corria, a cidade começava a aumentar de tamanho
Branquinha notou que estava se aproximando.
Seus olhos começaram a brilhar. Ela estava acordando...
que felicidade!

Seus pais, que a estavam procurando,
vendo aquele pontinho branquinho e fofinho,
correndo em sua direção,
prontamente foram ao seu encontro.

Branquinha, ofegante, explicou-lhes tudo o que havia acontecido,
suas emoções e a aventura de ver a cidade encolher e esticar rapidamente.

Foi um dia inesquecível!
Embora fingisse um olhar corajoso,
por dentro ela confirmou
o quanto amava seus pais
e a importância de dar atençãoa tudo o que eles lhe ensinavam.

Um comentário:

  1. A orla do Rio Amazonas em Macapá, é um ponto turístico da cidade. Trata-se de uma paisagem linda, que os amapaenses não cansam de visitar. Pouca gente toma banho lá agora,por causa da água suja, mas é gostoso andar na praia, pisando no barro frio, "nem mole que nos faça afundar e nem duro que nos machuque ao pisar!" Quando adolescente fazia isso com frequência.

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